Roteiro para visitar Veneza - 3 dias

Nenhum viajante está preparado para Veneza: a cidade é diferente de tudo o que possa ter visto ou visitado, um local único. Veneza é uma das cidades mais lindas e fantásticas do mundo.



1º Dia em Veneza

Piazza di San Marcos

Esta piazza é considerada o grande salão de visitas de Veneza, ou como escreveu o poeta parisiense Alfred de Musset, a Praça São Marcos é o salão mais elegante da Europa. Ela foi construída em formato de trapézio e é o ponto de referência principal de Veneza e também a atração mais visitada da cidade. Em sua viagem, você vai passar por lá algumas vezes e vai se surpreender cada uma delas, pois é de fato uma atração maravilhosa.
A Praça foi construída no século IX e representa o coração de Veneza. No entorno do salão da Praça estão situadas algumas das mais importantes atrações da cidade, como a Basílica di San Marco, o Palazzo Ducale, o Museo Correr, o Campanário e a Torre dell’Orologio.


Basilica di San Marcos 

Esta magnífica catedral obriga-nos, quer vista de fora, quer no interior, a erguer o pescoço até ao céu, num misto de espanto e admiração, mesmo para os menos religiosos, ou menos sensíveis à arquitetura. É impossível ficar indiferente a tamanha grandiosidade, até porque é considerada uma obra-prima da arte bizantina fora do Império do Oriente. O interior da Basílica é incrível e vale a visita e também é possível subir até o terraço da Basílica de São Marcos, de onde se tem uma vista lindíssima e panorâmica da Piazza.


Torre dell’Orologio 

Este edifício renascentista construído entre 1496 e 1499 apresenta um relógio que marca as horas, o dia, as fases da lua e o zodíaco, sendo que duas estátuas de bronze (um homem mais velho e um mais jovem) batem as horas no sino, representando a passagem do tempo. Esta atração não recebe visitantes, mas vocês podem admirar toda a bela estrutura externa.
Também a poucos metros, visite mais uma incrível atração de Veneza, o Campanário.


Campanário 

É considerado o prédio mais alto de Veneza, com 98,5 metros, construído entre os século IX e XII. Seu corpo principal é constituído por uma coluna de tijolos de 12m de lado e 50 m de altura, sobre a qual assenta o campanário com arcos, que aloja cinco sinos. O campanário tem no topo um cubo em cujas faces estão representados leões (o símbolo do Evangelista São Marcos) e a representação feminina de Veneza (la Giustizia: a Justiça). A torre é coroada por uma agulha piramidal, no extremo da qual se encontra um cata-vento dourado com a figura do Arcanjo Gabriel. Os venezianos creem que quando o anjo gira em direção à Basílica significa que a Acqua Alta está prestes a chegar.


Palazzo Ducale 

A visita a este Palácio monumental, construído entre 1309 e 1424, exige já por si, umas boas horas da agenda do dia, devido à tamanha riqueza patrimonial que ali se encontra. É considerado uma obra de arte, símbolo da arquitetura gótica e foi “casa” do doge, dirigente máximo da República de Veneza.


Ponte dos Suspiros

A ponte tem esse nome, pois reza a lenda que, em tempos remotos, os prisioneiros suspiravam na ocasião atravessar a ponte, pois esta seria a última oportunidade de ver pela última vez o mundo externo e a luz do sol. Se você não pretende visitar o Palazzo Ducale, mesmo assim pode ir verificar a ponte, que fica ao lado.
Depois de admirar a ponte, siga para o movimentado Riva degli Schiavoni.


Riva degli Schiavoni

Este é um dos grandes calçadões de Veneza, que vai do Palácio Ducale em direção este a Santa Elena, região conhecida pelo parque e por ser casa da Bienal de Veneza. É um calçadão conhecido mundialmente e super movimentado pelos turistas e locais, cheio de bares e restaurantes. Quando anoitecer, siga para se deslumbrar com o Grande Canal e sua ponte mais famosa, a Rialto.


Ponte Rialto e o Grande Canal 

É uma das quatro pontes majestosas que une as margens do Grande Canal e considerada a mais romântica da cidade. A Ponte Rialto, a mais antiga da cidade, foi construída entre 1588 e 1591 e projetada por António da Ponte. Tem duas rampas em escadas dos dois lados e além de charmosa e movimentada é, habitualmente, o ponto de referência para encontros. É o local ideal para ver o dia terminar e preparar-se para a movida da noite.



2º Dia em Veneza

Mercado Rialto

Os venezianos atestam que o Mercado de Rialto (do latim Rivus Altus, o rio alto) é onde está o coração de Veneza. De terça a sábado, este mercado faz latejar o que há de mais genuíno na alma veneziana, afinal de contas este é o mais antigo mercado popular da cidade. Por lá é possível encontrar peixes cor-de-rosa, pretos, cinzentos, polvos, lulas, mariscos, mergulhados em gelo e homens de braços musculados a cortá-los. Vê-se beringelas, espargos, morangos, pimentos, flores e uma agitação de vozes e burburinho que conferem vida ao quotidiano de Rialto, de Veneza. Não se estenda muito por lá, mas fique o tempo suficiente para divertir-se e ambientar-se com a essência da cidade.
Depois de caminhar pelo Mercato Rialto e seu arredores, siga para a Riva degli Vin, mas passe pelo Palazzo dei Camerlenghi e pela Igreja San Giacometto no caminho.


Palazzo dei Camerlenghi

Sem edifícios vizinhos, que lhe possam roubar o protagonismo, este edifício da autoria de Guglielmo dei Grigi, de estilo renascentista, foi dos primeiros a ser construído para servir propósitos administrativos, no século XVI. A função permanece até hoje e tamanha imponência fez com que fosse cobiçado por Napoleão Bonaparte, que durante as invasões francesas, se apoderou das grandes obras de arte que ali estavam.


Igreja San Giacometto

Também chamada de San Giacomo de Rialto e situada praticamente em frente ao Pallazo, esta igreja é considerada a igreja mais antiga de Veneza . Datada do século XI, e no coração de Rialto, esta pequena igreja com um relógio solar está ligada, intrinsecamente, à história do desenvolvimento do mercado da região. Por exemplo, se olhar com atenção é possível ler, no exterior, uma inscrição que recomenda aos comerciantes serem honestos e justos nos seus negócios. É possível visitar o lindo interior da igreja e a entrada é grátis.
De lá, siga para a Riva degli Vin.


Riva degli Vin

A Riva delgi Vini é a famosa margem do lado de San Polo que se estende até à Igreja de São Silvestre, rodeando o Grande Canal e permitindo uma bela vista. O nome deve-se ao fato de esta ser a margem onde aportavam os barcos com vinho até ao século XIX, onde funcionava uma espécie de alfândega. Atualmente, na região existem diversos restaurantes e cafés italianos.
Depois de explorar o lindo calçadão, siga para a próxima parada, o bairro Cannaregio.


Cannaregio

O bairro é considerado um dos legados mais genuínos da vivência veneziana, por ser uma área eminentemente residencial. Especialmente aos fins de semana é comum ver-se os venezianos em seus momentos do cotidiano local, como por exemplo, limpando os seus barcos, mães a passear pelas “Fondamenta” com carrinhos de bebé, roupa a secar de um lado a outro os prédios entre canais. É, também, a área onde há menos turistas, embora a região esteja muito bem servida de restaurantes e pequenas osterias para petiscar. A partir da estação de trem Santa Lucia você pode seguir o fluxo de pessoas até a Igreja de Santa Luzia (Santa Lucia) onde está o corpo da santa, protetora dos olhos e da visão. A igreja é muito bonita e ponto de encontro de muitos peregrinos.
Siga até a Ponte alle Guglie, atravesse e vire à esquerda seguindo as placas para o Gueto Judeu.


Gueto Judeu 

Este foi o primeiro gueto hebraico da Europa e sua visita a Veneza ficará ainda mais rica incluindo este pedaço tradicional da cidade. Por lá ainda é possível encontrar judeus que mantêm suas tradições no gueto mais antigo da Europa. A presença de judeus na cidade vem do século XII, pois Veneza com sua forte vocação para o comércio sempre foi muito aberta ao intercâmbio com outras nações. O gueto hebraico é parada obrigatória em Veneza e fica só a 5 minutos da estação de trem. E para quem tem curiosidade de conhecer a culinária kosher, não deixe de explorar os cantinhos do gueto, nem que seja para experimentar os doces e as delícias da padaria certificada pelo rabino. Passeando por Canareggio você vai ver uma Veneza muito mais genuína, sem aquela quantidade enorme de turistas. Depois de explorar Cannaregio, siga para o Dorsodouro.


Dorsodouro

Dorsoduro é um bairro repleto de museus e atrações turísticas. É considerada uma área boémia, jovem e artística. Para os amantes da arte, Dorsoduro é um paraíso. A começar pela Galleria dell’Accademia, um dos mais importantes museus da Itália, que abriga a mais rica coleção de obras venezianas dos períodos bizantino, gótico e do renascimento. Sem dúvidas, um local imperdível.
Comece o seu passeio pela famosa Ponte dell’Accademia, uma das quatro pontes que atravessam o Canal Grande. É uma das vistas mais bonitas do canal, ótima para fazer fotos. Da Ponte dell’Accademia dá pra ver o palácio que abriga a Collezione Peggy Gugghenheim. Em 1948, Peggy se mudou para Veneza trazendo sua coleção de obras de arte. Além do acervo com obras de Picasso, Klee, Mondrian, Chagall, Magritte, Pollock e outros, a galeria promove mostras temporâneas. No verão, eles promovem um aperitivo superdescolado, maior ferveção.
Apesar de ser um museu extremamente interessante, siga para conhecer o Galleria dell’Accademia.


Galleria dell’Accademia

Um clássico passeio em Veneza, a Galleria dell’Academia promove uma viagem por cinco séculos de arte veneziana. Localizado junto à igreja de Santa Maria della Carità Farto e do mosteiro de Canonici Lateranensi, projetados por Andrea Palladio, possui um vasto e interessante acervo de artistas de Veneza e do Vêneto, do século 14 ao 18, passando pela Renascença. Entre os destaques estão de Tintoretto, Ticiano, Tiepolo, Veronese, Canaletto, entre outros.


Santa Maria della Salute 

Imponente e cerimoniosa, exuberante e simbólica, esta basílica de estilo barroco nasceu no século XVII como promessa para o fim da peste que assolou Veneza entre 1630 e 1631. “Prometo solenemente erguer nesta cidade uma igreja e dedicá-la à Virgem Santíssima, chamando-a “Santa Maria della Salute” . Esses foram os termos da promessa feita em 1630 por Giovanni Tieopolo, o então patriarca da cidade.
De lá, atravesse o Grande Canal para visitar a ilha San Giorgio Maggiore.


Ilha San Giorgio Maggiore

A ilha de San Giorgio Maggiore é a primeira ilha que vemos quando estamos na lindíssima e celebrada Piazza San Marco. Por ser uma ilha pequena, é possível visita-la em uma hora mais ou menos.


Campanário da Igreja San Giorgio Maggiore

Diz-se que a vista desde o campanário da igreja de San Giorgio Maggiore em modo 360 graus, é melhor do que a do já afamado campanário da praça São Marcos, pois é possível avistar a Praça São Marcos, o Grande Canal, a Giudecca, a Punta della dogana, o mar, o porto, os barcos que vão e vêm e, ainda, o Jardim-Labirinto de Borges. Nesta igreja estão os últimos quadros de Tintoretto: “A Última Ceia” e a “Recolha do Maná”, nas paredes do presbitério e a Deposição, na capela dos mortos.


Jardim-Labirinto Borges

Em 2011, a propósito dos 25 anos da morte de Jorge Luis Borges, Veneza resolveu homenagear o escritor argentino, que era apaixonado pela cidade, prestigiando-o com um jardim-labirinto, que se tornou o segundo maior do mundo. Para isso, inspirou-se no conto “El jardín de los senderos que se bifurcan”. São dois quilómetros, com 3200 plantas, informações em Braille e, visto do alto, reproduz o nome de Borges de forma intrincada. Depois de visitar a ilha, siga de volta para o continente.


3º Dia em Veneza



Murano

Este é um nome que, certamente, a grande maioria de nós já terá ouvido falar por causa dos famosos vidros de Murano. Representa o centro da indústria vidreira desde 1291, quando as fornalhas e os artesãos para aqui se mudaram, abandonando a cidade devido ao risco de incêndios. Tal como a ilha-mãe, Murano é constituída por um aglomerado de pequenas ilhas. Uma vez por aqui, vale a pena caminhar até à rua principal, separada pelo canal, com pequenos barcos ancorados e cheio de pequenas lojas de vidro. Mas mais do que isso, vale bem a técnica de se perder no labirinto de pontes. Alguns pontos de interesse são:


Museo del Vetro (Museu do Vidro)

Situado no Palazzo Giustinian, o Museo Vetratio é casa de uma vasta e requintada coleção de peças antigas. Neste Palácio já chegaram a viver o bispos de Torcello e o bispo Marco Giustinian que mais tarde chegou a comprar a propriedade e a doou à diocese de Torcello. A coleção está organizada de forma cronológica, percorrendo a História do Vidro: dos primórdios ao século XX. São milhares de objetos, com várias cores e formas. Nos séculos XV e XVI, Murano era o principal centro de produção de vidro da Europa e hoje é visitada apenas pelos trabalhos em vidro.


Basílica dei Santi Maria e Donato

É uma das mais antigas igrejas da Lagoa veneziana, e a primeira coisa que impressiona é a cor exterior, em tons terra, roubando à tonalidade rosa-velho a pigmentação principal. Esta igreja medieval, construída entre os séculos X e XI, em estilo bizantino, com os seus vitrais emblemáticos, guarda uma lenda: os ossos gigantes de um dragão vencido por São Donato.
Depois de se encantar por Murano, siga para a tão incrível Burano.


Burano

A arquitetura gótica de Veneza pode deixar você com a sensação de que está em outro planeta, mas Burano te trará de volta a realidade com a sua tradicional arquitetura colorida e chocante. Burano é um encanto, parece uma casa de bonecas colorida, em tamanho real. Tem cenário surrealista, até porque a torre da igreja está ligeiramente inclinada. É uma ilha densamente povoada, cheia de vida, casinhas pitorescas, cujos reflexos dão cor aos canais, onde se atracam os barcos, em comunhão com a água. Não é de espantar, portanto, que Burano seja o lugar ideal para “matar o tempo” em longas caminhadas de descobertas, entre ruelas e canais.


Casa do Bepi

A multicolorida casa do Bepi Suà, n. 339, na Via Gattolo, cujo nome original era Giuseppe Toselli, é uma das atrações da ilha, com as suas cores garridas. Bepi nasceu em 1920, consta que vendeu caramelos, mas era a paixão pelo cinema que lhe tirava o sono, ao qual se dedicou como autodidata. Durante a II Guerra Mundial chegou mesmo a trabalhar como cinematógrafo. Com o fim da guerra, dedica-se a restaurar e a pintar a casa onde nasceu, hoje, um pouco abandonada no interior, apesar dos vários restauros exteriores, para preservar a sua memória. Não é fácil chegar a este pequeno pátio partilhado com outras casas. Se não achar sozinho, por acaso, como me aconteceu, mais vale perguntar. Em Burano, ninguém é a alheio à casa do Bepi, já transformado num ícone turístico.


Scuolla del Merletti

A população de Burano é, maioritariamente, constituída por pescadores e fabricantes de rendas. Ainda vemos alguns homens do mar a polir os barcos e a remendar as redes. Isso apesar de o número hoje existente ser muito menor do que outrora, na época áurea da pesca na região. O mesmo acontece com as rendeiras. No século XVI, as rendas locais eram das mais afamadas da Europa. São tão delicadas que se tornaram conhecidas por punto in aria (pontos no ar). A indústria floresceu e foi fundada uma escola de produção de rendas, a Scuolla dei Merletti. O museu Merletti, que fica contígui à Escola, tem uma mostra de rendas antigas.
Depois de almoçar, siga para Torcello.


Torcello 

É das ilhas mais antigas da Lagoa de Veneza, uma das mais calmas e das mais pequenas. Fica a 10 quilómetros da Praça São Marcos e é um paraíso de sossego, embora se percorra em pouco mais de uma hora. Por isso mesmo, talvez seja o local ideal para uma pausa na viagem, com um pic-nic, se a meteorologia assim o permitir. Para chegar ao “centro”, percorre-se um passeio, ao longo do canal da ilha, rodeado de árvores, pássaros e um violinista que aproveita o silêncio para impor a sua melodia. Não admira, por isso, que em 1948, o escritor norte-americano Ernest Hemingway tenha escolhido a ilha como refúgio e inspiração, para escrever partes do livro “Across the River and Into the Trees.”


Catedral de Santa Maria dell’Assunta

Dez minutos depois de uma caminhada, passando pela ponte do diabo, chegamos a uma das principais atrações desta pequena ilha. É ela que se impõe na paisagem, com uma enorme torre sineira e a Igreja de santa Fosca mesmo ao lado. O estilo é bizantino-italiano e é um verdadeiro portal do tempo: data de 639 D.C. Imaginamos, por isso, os segredos que não guardarão as paredes e as reentrâncias deste edifício religioso: o que dirão dos antigos habitantes, quantas conspirações, amores e desamores não terão presenciado? O elemento artístico mais importante são os mosaicos, com uma representação do Juízo Final.


Museo Provinciale di Torcello

Este núcleo museológico, bem em frente à Catedral de Santa Maria della’Assunta, foi fundado no século XIX e tem um pequeno jardim interior e duas secções de visita: a parte arqueológica e a secção Medieval e Moderna. O museu dispõe de uma coleção de trabalhos que refletem sobre a história da Lagoa veneziana, a partir de coleções privadas, achados arqueológicos e artefactos adquiridos por colecionadores, bem como artesanato descoberto em Torcello e ilhas adjacentes.

Fonte: O mundo é pequeno para mim

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